CRIANDO UMA CANÇÃO COM SINHÔ
Segmento: Ensino Fundamental II (EJA)
Habilidade BNCC (principal):
(EF12LP05) Planejar e produzir, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, (re)contagens de histórias, poemas e outros textos versificados (letras de canção, quadrinhas, cordel), poemas visuais, tiras e histórias em quadrinhos, dentre outros gêneros do campo artístico-literário, considerando a situação comunicativa e a finalidade do texto.
OBJETIVOS
- Ampliar o conhecimento sobre a obra do músico Sinhô e seu contexto de criação, como a Praça Onze e a casa de Tia Ciata.
- Relacionar Sinhô aos processos de gestação de gêneros como o samba, ao lado de artistas contemporâneos, como Pixinguinha, Donga e João da Baiana.
- Produzir, de maneira introdutória, novas possibilidades textuais dentro da canção Pé de anjo, de Sinhô.
METODOLOGIA
Audição de música, Debate, Exposição do tema, Produção textual.
DESCRIÇÃO DA AULA
Introdução (10 min)
- A oficina inicia-se com a audição da canção Pé de Anjo (1920), de Sinhô (a letra e o link para a audição estão na apresentação em anexo). Pode-se incentivar uma experiência mais sensorial, apagando-se as luzes para a audição, por exemplo.
- Depois, inicia-se um debate sobre as impressões iniciais dos estudantes com relação à letra e à melodia da canção.
- Vale pontuar que essa música, de grande sucesso, foi a primeira música definida na partitura como uma marchinha de carnaval.
Desenvolvimento (20 min)
- Será apresentada uma minibiografia de Sinhô, incluindo a sua relação com a Praça Onze e com a casa de Tia Ciata (ver apresentação em anexo). Essa parte expositiva lista também importantes músicos e contemporâneos de Sinhô, como Donga, Pixinguinha e João da Baiana – alguns dos protagonistas no desenvolvimento de gêneros como o choro e o samba.
- A seguir, os estudantes serão divididos em duplas para realizar uma atividade a partir da canção Pé de anjo. A letra da canção refere-se, de forma irônica, àqueles que maldizem o seu nome e também aponta as mulheres como interesseiras, comparando-se às galinhas e ao dinheiro. Pode-se debater a canção dentro do seu contexto, procurando instigar um olhar crítico sobre o tema, tanto na maneira como o compositor procura silenciar seu oponente (cortando a sua língua), como colaborando para a construção de uma imagem estereotipada das mulheres. Ao mesmo tempo, é fundamental que se reconheça a importância do compositor para a música brasileira.
- Na apresentação, a letra da canção será novamente exibida, porém com algumas palavras sublinhadas.
- A ideia é que cada dupla construa uma nova letra, propondo a substituição das palavras. Recomenda-se que a alteração seja feita com bastante liberdade, incentivando-se a construção de uma letra mais contemporânea, com a busca de novas rimas e diferentes sentidos.
- Cada dupla apresenta seu resultado para a turma.
- Se houver tempo, pode-se repetir a atividade com outras canções de Sinhô, como Jura (1928) e Gosto que me enrosco (1928).
Encerramento (10 min)
- Na Roda de Conversa, sugere-se debater a experiência das duplas na “atualização” da canção.
- É importante identificar se os próprios estudantes já produzem letras de canções e, em caso positivo, pode-se estimular a apresentação das obras e dos processos individuais de criação para a turma.
- Em oportunidades futuras, recomenda-se ampliar a atividade a partir de obras de outros compositores. Para dificultar a atividade, sugere-se também a retirada de cada vez mais palavras das canções originais. Pode-se encerrar a oficina com um grande sarau da turma.
REFERÊNCIAS
ALENCAR, Edigar de. Nosso Sinhô do Samba. Rio de Janeiro: Funarte, 1981.
CASTRO, Ruy. Metrópole à beira-mar: o Rio moderno dos anos 1920. São Paulo: Companhia das Letras, 2019 [edição digital].
DINIZ, André. Almanaque do samba. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
MOURA, Roberto. Tia Ciata e a pequena África no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 1995.
NETO, Lira. Uma história do samba: as origens. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
SANDRONI, Carlos. Feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro, 1917-1933. Rio de Janeiro: Zahar/UFRJ, 2001.